Prêmio Nobel para Professor Brasileiro

Que bom seria um prêmio Nobel de Economia, de Física ou de outra área científica! Sabe quando veremos uma notícia assim? Nas atuais circunstâncias, jamais! A não ser que o professor de nacionalidade brasileira exerça seu ofício em uma universidade da Europa ou América do Norte. Explico. Mas antes de iniciar, vale dizer que pode haver raras exceções no Brasil. 

As universidades públicas brasileiras estão sucateadas, principalmente em razão da sempre contingência orçamentária, que por sinal é a causa dos baixos salários de professores e funcionários. Diga-se de passagem, que só pode ser coisa do Brasil: um professor universitário ganhar menos do que um metalúrgico ou um profissional que exerça cargo de analista (administrativo, financeiro, de informática, etc.). Em parte, a culpa é dos próprios professores, por ser uma classe desunida. Vejam que os carteiros, bancários, juizes, agentes fiscais e alfandegários, entre outros, são todos mais unidos para o fim de reivindicar seus direitos, e assim conseguir ao longo do tempo buscar condições mais justas como contrapartida do seu trabalho. Não que um juiz que ganhe vinte mil reais esteja sobrevalorizado; é professor que ganha pouco! Apesar de ser informação pública, confesso ter vergonha de falar o quanto ganho, principalmente pelo fato de que não há qualquer outra profissão que requeira tão alto nível de formação: graduação, especialização, mestrado, doutorado. Não é a toa que muitos professores universitários na primeira oportunidade migram de atividade, principalmente se for para outra carreira pública melhor remunerada e reconhecida. Muitos acabam considerando a Universidade como um mero bico, a fim tão-somente de constar no seu cartão de visita ou currículo, o que compromete muito a qualidade do ensino. A propósito, não se tem notícia na história brasileira de um tempo em que o professor foi tão menosprezado, financeira e socialmente. Vocação? Passou a ser vista como tolice. Tudo isso, tem levado muitos pais a dizerem: se meu filho disser que quer ser professor, será castigado na hora. Ainda, a contenção orçamentária também provoca a escassez de recursos para aquisição de livros, periódicos e outros materiais indispensáveis para o desenvolvimento acadêmico. 

Vejam que a USP, sendo a melhor universidade brasileira, somente agora voltou a estar entre as duzentas melhores universidades do mundo. 

Nas universidades e faculdades privadas a situação se não for equivalente é pior. Isso porque, não há mais vestibular. Com o pretexto de “inclusão universitária”, analfabetos funcionais estão ingressando e saindo (pois os professores são “forçados” a aprová-los) das “academias” universitárias com um diploma, mas sem formação, por não têm base intelectual, cultural, etc. para tanto. Bibliotecas? Muitas se utilizam de bibliotecas alugadas para fins de fiscalização do Ministério da Educação. Salários? Estão até mais baixos do que as remunerações dos professores das instituições públicas. 

Isso, pois as faculdades estão disputando alunos “no tapa”. Reduzindo cada vez mais os preços das mensalidades, tendo por tanto de economizar nos salários de professores, compra de livros, etc. 

Lamentavelmente, no Brasil muita coisa está invertida, por isso, é mais fácil um operário chegar a Presidência da República do que um professor de universidade brasileira ganhar um Prêmio Nobel.